Ocupação
Indígenas ocupam área pública no balneário Cassino
Cerca de dez famílias, entre adultos e crianças, estão desde sábado em área pertencente ao Daer
Foto: Jô Folha - DP - Atualmente, grupo ocupa uma casa, pretendendo reformar as demais edificações para empreender a aldeia
Dez famílias indígenas, um total de 27 pessoas, com seis crianças, uma recém-nascida e uma gestante, ocuparam uma área, no balneário Cassino, no sábado (25), pertencente ao Departamento Autônomo de Estrada e Rodagem (Daer). A área, conhecida como colônia de férias do órgão governamental, possui 16 casas em estado de abandono. Os indígenas são oriundos de uma aldeia localizada em Ronda Alta, município localizado ao norte do Rio Grande do Sul. As famílias chegaram em Rio Grande em outubro de 2021, trazidos em escolta pela polícia, após uma chacina ocorrida na aldeia.
“Viemos refugiados e aqui criamos a aldeia indígena Tânhve, à qual pertencemos. Procuramos a Prefeitura, Ministério Público e nestes quase dois anos, conseguimos apenas uma casinha pertencente ao Hospital Psiquiátrico, um cômodo para dez famílias. Ficamos desde que chegamos no local. Aí descobrimos este espaço, com casas abandonadas e por isso viemos fazer a retomada da aldeia Tânhve”, contou Alessandra Ferreira, filha da cacique da tribo, Ângela Ferreira, que estava na segunda-feira (27), em Porto Alegre, em reunião com representantes da Funai e Ministério Público, para um acerto da situação.
Alessandra conta que a ocupação aconteceu de forma pacífica. Policiais Militares estão próximos à área, mas segundo ela, não houve nenhum confronto. “Eles vieram conversar ainda no sábado conosco, mas foi tudo muito tranquilo”. Para os indígenas, a área pertence a eles. “Nós merecemos estar aqui, somos povos originários, o Brasil é território indígena, por isso essa retomada”. Alessandra foi categórica ao dizer que a aldeia não pretende se retirar do local.
A decisão de entrar na área foi tomada pela cacique Ângela, após decisão conjunta com as famílias. “Dentro da comunidade indígena, as famílias têm direito de voz e as decisões são tomadas de forma grupal. Não tínhamos mais para onde ir, o prazo para ficarmos na casa cedida pelo Hospital Psiquiátrico já havia expirado e estávamos sem ter para onde ir. As casas estão precárias, mas, mesmo assim, servem de abrigo para nossas famílias”. Por enquanto, o grupo está ocupando uma única casa, na intenção de consertar as demais para, então, cada família possuir a sua.
Após consertar as casas, que estão precárias em razão do abandono, os indígenas pretendem implantar no local um posto de saúde, uma escola e um centro cultural, visando a visibilidade do artesanato, do grafismo e da dança.
O que diz o Daer
Em contato com a assessoria do Daer, esta informou que no momento, há uma família, de um servidor, ocupando uma casa. “O Daer sempre se preocupou em manter um servidor no local para cuidar da área. Em outras ocasiões, o número de pessoas varia de acordo com a operação existente na rodovia. Por exemplo, quando há fiscalização do transporte intermunicipal, os servidores utilizam o local”. A Assessoria ressaltou ainda que está sendo instruído um processo administrativo atendendo orientação do setor jurídico, para obter uma ação de reintegração de posse.
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